Dia de treinamento 2
O segundo dia de treinamento, começou cedo. Acordamos por
volta das 6:00Hs da manhã, para conseguirmos chegar no estande por volta das
8:00Hs. Os treinos começam à 9:00Hs, mas existia um certo ritual a ser
executado. A segurança é muito importante, e as armas só podem ser levadas para
a mesa com autorização do Range Officer, em um momento apropriado. Assim, antes
do treino começar, os atiradores devem colocar o alvo, ajustarem as bandeiras,
preparar os apoios, etc.
Figura 1 - Estande de tiro |
São 10 minutos de preparação. Durante tempo de preparação, a
área de tiro é evacuada, verificada pelo Range Officer para finalmente levar as
armas para a bancada. As armas devem ser transportadas com ferrolho aberto, com
uma bandeira de segurança inserida na câmara e apontadas para cima ou para o
chão. Esgotado o tempo de preparação, o Range Officer verifica se todos os
atiradores estão prontos e inicia o treino com o comando: “Commence Fire”.
Figura 2 - Atiradores preparando-se para o treino ( o
que o australiano está fazendo com a marreta?)
|
Os atiradores têm 20 minutos para praticar. Como o número de
mesas disponíveis para treino é reduzido, os atiradores devem se revezar. Foi
reservada uma mesa para o time brasileiro, portanto cada atirador treinava
20minutos e aguardava uma hora. Para não desperdiçar tempo de treinamento o
almoço era ignorado.
Alguns erros de iniciantes eram cometidos, como não levar
chumbo suficiente para o treino, esquecer de hidratar-se adequadamente entre
outros. Esgotado o tempo de treino, o comando “Cease Fire” era emitido, e após o
comando qualquer disparo poderia ser punido com a desqualificação do atirador.
As armas eram colocadas novamente em segurança com o ferrolho aberto e a
bandeira de segurança inserida na câmara. Todas as armas eram vistoriadas e se
estivessem seguras o comando para tirar as armas das mesas era emitido.
Figura 3 - Treino |
Os atiradores têm 10 minutos para trocar as bandeiras de
vento, retirar o alvo usado e substituir por um novo, trocar os apoios da arma,
levar munição, água e toda a parafernália que seria usada na próxima seção de
tiro.
Quem não estava treinando aproveitava para limpar o cano da
arma, ir ao banheiro, encher o cilindro da arma e conversar com outros
atiradores. Próximo ao time brasileiro estava do lado direito o time da Ucrânia,
que chegou e treinou somente no dia 2, por problemas de visto. E do lado
esquerdo o time da Rússia, liderada pelo atirador Alexey Soldatov, criador da
arma Ataman.
Um pouco mais à direita tínhamos o time sueco, com a
presença do Thomaz Holmstrom que possui vídeos de agrupamentos muito legais no youtube
com o nick ThomazFeinwerkbau. Um pouco
mais adiante ficou o time do reino unido, atiradores do naipe de Carl Boswell,
Ron Harding, Colin Renwick, Grahan Freeman, Alan Grayson entre outros.
Em conversa com o time da Ucrânia, na verdade somente
Volodymyr Alexandrovich ( o único que falava inglês) percebemos um conhecimento
técnico muito grande do time da Ucrânia e que deveríamos prestar atenção neles.
Figura 4 - Flávio Vieira treinando ao lado do atirador Ucraniano que sagrou-se campeão da copa do mundo |
Em termos de estrutura, o time das Filipinas foi a campeã!
Imaginamos que o orçamento do time ficou maior que 100 mil euros. Quartos
individuais, relações públicas, chefe de delegação, fotógrafo, técnico,
carregador. Enquanto os outros times tinham que carregar as pesadas caixas de
armas e apoios para o local de armazenamento todo início e final de treino,
arrumar e organizar a tralha, havia uma pessoa responsável no time filipino
para fazer este serviço para os atiradores.
Figura 5 - Equipamento do time filipino |
O segundo dia de treino não pode ser aproveitado em sua
totalidade, pois os atiradores tinham que fazer o credenciamento de atleta na
competição, porém de acordo com a lei da república Tcheca, a documentação das
armas e as armas deviam ser apresentadas à organização da competição.
Figura 6 - Fila para credenciamento |
Após o credenciamento, foi necessário verificar a
conformidade das armas com as limitações de potência, massa e dimensões. A arma
recebia um selo de conformidade e estava pronta para a competição.
O estande de tiro possui características que dificultam
muito o tiro de precisão. Muitos atiradores estavam tendo muita dificuldade em
se adaptar. A temperatura alta, provocava efeitos muito difíceis de se prever.
Mesmo em momentos de total ausência de vento o tiro mostrava-se muito difícil e
imprevisível.
Figura 7 - Bandeiras de vento e estande |
Os alvos estavam protegidos por uma parede de aproximadamente
1m de altura, o que dificultava interpretar a intensidade e a direção do vento
no alvo, também existia uma placa de
metal à frente do alvo, sobre o muro que aquecia com a incidência do sol e
provocava miragens.
Um telhado translúcido cobria os alvos, o que permitia a
entrada da luz do sol e impedia a saída da energia térmica, mantendo ar
aquecido na região do alvo, que um movimento do ar removia este ar quente
eventualmente.
Tiros em momentos onde nenhuma indicação de vento era
percebida, hora iam para cima, hora iam para baixa, esquerda e direita. Um verdadeiro pesadelo. Nossas
bandeiras mostraram-se inadequadas paras as condições que se apresentaram e
dificultou ainda mais a análise das condições de tiro.
Figura 8 - Todd
Banks reparando o regulador da carabina
|
Figura 9 - Flávio Vieira, Bill Collaros, Pedro Ashidani e Carl Boswell |
Durante os treinos as pontuações oscilaram entre 240 pontos
a 246 pontos. O treino terminava por voltas das 17:00Hs, porém gasta-se mais
uma hora para preparar as armas para o dia seguinte e mais 30 minutos para
armazenar tudo nos locais adequados.
Aguardar um taxi e rumar para hotel demandava mais
45minutos. Tomar banho, jantar e selecionar chumbo para o dia seguinte tomavam
o restante do tempo do time. Rotina muito cansativa.
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