Uma Viagem Memorável! (Continuação 2)
Prova Light Varmint
Após vários meses de preparação, finalmente chegou o momento
de a “onça beber água”. Dia 25/07/2015 seria o primeiro dia da competição da
modalidade LV. Cada atleta deverá fazer três cartões, uma bateria por período.
Assim nos próximos 1,5 dia estaríamos disputando a modalidade LV, onde o limite
das armas em 16J aumenta a dificuldade em enfrentar as condições climáticas.
A escala dos horários e posições das mesas foram afixados no
mural, e o Flávio foi premiado com a 1ª Bateria. A seguir ficou o Paulo Otávio
e eu fiquei na 3ª bateria. Na 4ª a equipe ficou de folga. O comentário de Carl
Boswell não foi muito animador para o Flávio. Ele disse: “Você está indo na 1ª
bateria? Bom alguém tem que começar. É a vida...”
Figura 15 - Cerimônia de Abertura
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Algumas palavras de agradecimento por parte do Presidente da
WRABF, Bill Colaros, homenagens aos colaboradores que ajudaram a organizar o
evento, aos “originais” que participaram da primeira competição WRABF (Figura
12) e sorteio de um frontrest SEB Neo!!!! O Sortudo ganhador foi um atirador da
equipe da República Theca.
Após a cerimônia, mais alguns minutos para preparação antes
do comando “Commence Fire”!
Adrenalina correndo solta, após autorização do Range Officer
(RO), Flávio pegou sua carabina Steyr Hi Power 16J, e seguiu para a mesa
destinada à equipe Brasileira. Após uma série de recomendações do RO, foi dado
o tempo de preparação de 5 minutos.
Nesta competição, com o objetivo de agilizar a organização
das baterias, um tempo bastante curto era concedido entre as baterias e não era
permitido fazer qualquer manutenção nas armas em cima das mesas de tiros entre
as baterias. Era necessário movermos a arma para uma área onde a manutenção
poderia ser feita em segurança.
Assim teve situações, principalmente no LV,
onde a arma de 16J foi compartilhada entre o time brasileiro, que usávamos o
intervalo pequeno para abastecer o cilindro, limpar o cano, colocar o chumbo a
ser usado na prova, ajustar o cronômetro. Um pouco de stress a mais antes da
prova. Não podíamos esquecer de nenhum detalhe! Diferentemente de Plzen, onde
um safe plug era suficiente, em Brisbane era necessário inserir um fio de nylon
no cano até que sua extremidade fosse visualizada saindo pela coroa do cano.
Portanto mais um item para fazer parte do check list.
Figura 16- Flávio na prova LV
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Próximo contemplado no sorteio foi Paulo Otávio. Durante a
segunda bateria, as condições ficaram mais amenas (fato que se repetiria
durante a competição de ar comprimido), e Paulo Otávio alcançou um excelente
247-8x.
Figura 17- Paulo Otávio na prova LV |
Pedro estava escalado para atirar na terceira bateria. Como
toda estreia, nervos à flor da pele! A arma LV do Flávio estava em grande
forma, assim o resultado dependeria de mim. Infelizmente na terceira bateria o
clima voltou a ficar um pouco mais difícil e o meu resultado foi um 242-7x. A
quarta bateria não teve atleta brasileiro. Destaque para o Sul Africano Junior
Koegelenberg que conseguiu um belíssimo 250-10x. Aproveitamos para comer um lanche durante a
quarta bateria.
Para a quinta bateria, que corresponderia ao segundo cartão
do Flávio, tivemos que mudar de mesa. Flávio fez uma pontuação melhor que a
primeira, apesar do vento não estar favorável. 243-6x foi a pontuação
alcançada.
No segundo cartão do Paulo Otávio, que corresponde à sexta
bateria do dia, apesar do vento um pouco mais difícil, Paulo Otávio emendou um
belíssimo 246-9x!
Por volta das 13 ou 14 horas, iniciou-se a sétima bateria do
dia. E infelizmente o vento ficou muuuito complicado. Nesta bateria, com exceção
da Finlandesa Ulla Murisoja, todos os atiradores não tiveram bom desempenho. Consegui
um resultado fraco de 233-5x. Na oitava bateria, Junior Koegelenberg sentiu a
pressão de estar liderando e fez uma pontuação de 239-3x.
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Figura 18 – Classificação individual da classe LV após 2 alvos
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Após dois alvos dos três que compõe a competição da classe
LV, eu ocupava o quarto inferior da tabela, Flávio na posição 33, e Paulo
Otávio ocupava o 2º lugar!!!
WOW!
Só um pouco mais tarde que a ficha caiu!
Tinha um brasileiro com reais chances de conseguir um Pódio! A título de
comparação, na copa do mundo de Plzen em 2013, a melhor colocação de um
brasileiro foi o 33º lugar!
Reunimos nossas tralhas e fomos para o alojamento. BUMMMM!
Caiu a ficha. Todo time ficou exultante frente a excelente posição alcançada
pelo caçula do time. Como todos compartilhavam da mesma arma LV, os ajustes
mudavam de atirador para atirador. Decidimos deixar a arma nos ajustes que
favoreciam o Paulo Otávio!
Confesso que foi uma noite de muita ansiedade. Talvez esta
ansiedade não existisse ou fosse em menor intensidade, caso eu ou Flávio que
estivéssemos ocupando o 2º lugar, mas para um pai ver seu filho nessa
situação...
Mantivemos o foco, porém tentamos relaxar um pouco. E fomos
novamente ao shopping center em busca de uma refeição mais substanciosa.
Acordamos e fomos para o estande. Um brasileiro no 2º lugar
chamou a atenção de todos. Deixamos de ser coadjuvantes, para assumir uma
posição de protagonistas!
Mas os deuses do tiro não facilitaram para o mineiro de
Araxá...
No segundo dia de competição ficamos fora da primeira
bateria. Flávio foi para a segunda bateria e com boas condições de vento fez um
excelente 246-8x! Paulo Otávio participou da terceira bateria. E talvez uma das
condições mais duras de toda competição apareceu. E Paulo Otávio com bravura
fez 236-3x. Outro atletas que também estavam entre os primeiros, como Stefan
Viljoen fez 236-3x, Pietro D´Amico, 233-6x, Vipha Muller, 228-5x.
Paulo Otávio que estava em 2º, caiu para 17º, Stefan que era
3º caiu para 19º, Pietro que estava em 5º foi para 33º e Vipha Muller que era
8º foi para 57º... Um balde de água fria! Fiquei muito nervoso durante a prova
do Paulo Otávio.... Não conseguia observar o alvo. Coisa de pai.... Nos
primeiros alvos, Flávio acompanhava ele e os concorrentes, e Paulo estava tendo
um desempenho superior. Flávio dizia: “Nosso menino é Bom! ” Mas o tempo piorou
e tornou a bateria em um pesadelo!
Esta situação mostrou dois comportamentos emocionais
distintos. A atiradora Vipha Muller, teve um resultado muito ruim na bateria,
mas se recuperou e foi buscar um pódio na classe HV, ao passo que o Italiano
Pietro D´Amico, apesar de ser um grande atirador, não se recuperou mais na
competição.
Na quarta bateria e vento deu uma pequena trégua, mas eu não
consegui aproveitar a janela e logo voltou a soprar com força! Resultado
238-8x.
Ao final a classificação da Classe LV ficou:
Flávio Vieira em 15º
Paulo Otávio em 17º
Pedro Junior em 63º
Time Brasil 8º
Sem dúvida uma grande evolução do Brasil! Afinal ficamos à
frente da Ucrânia, grande campeã da copa do mundo de 2013!
Figura 19- Resultado Final Oficial da Classe LV
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Figura 20 -Resultado Oficial por Equipes da Classe LV
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O time ficou bastante triste. Todd Banks nos contou que
nosso amigo brasiliense, Jota Rodrigues, estava ansioso por notícias dos
brasileiros. E realmente ficamos devendo, mas não tínhamos forças naquele
momento. Porém estava claro que o time estava bem preparado, que tínhamos bons
equipamentos e que o resultado foi uma casualidade que faz parte deste nosso
esporte. Fizemos um grande esforço para nos recuperarmos, pois ainda tínhamos a
modalidade HV para disputar, e sabíamos que éramos mais fortes na HV.
Um fato engraçado ocorreu com o protesto do time das
Filipinas. O capitão do time filipino, Richard Fernandez, fez um protesto e
quando a comissão se reuniu, foram analisar o alvo e tratava-se de um alvo
anotado como 10. Todos riram da situação e perguntaram ao Richard se ele queria
protestar para que o 10 reduzisse para 9.
Parabéns pelo empenho e em levar o Brasil a algum lugar nesse famigerado esporte.
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