terça-feira, 30 de julho de 2013

Journey Across CZ



Journey across CZ
Com grande expectativa acordamos no dia 29/07 e iniciamos nossa jornada em busca a um dos mais conceituados fabricantes de projéteis para armas de ar do mundo: JSB (Josef Schulz Bohumín). No carro, Igor Porto, Flávio Vieira e Pedro Ashidani.

Figura 1 - Mapa do trajeto de Plzen a Bohumín
 A cidade de Plzen encontra-se no oeste da República Tcheca, enquanto que a fábrica JSB fica quase na divisa com a Polônia no lado leste. Literalmente atravessamos o país em busca de conhecimento.
Desta vez logo após um pit stop, perdemo-nos, o que acrescentou 45 minutos à longa viagem. O GPS nos levou próximo ao endereço, mas como a fábrica da JSB fica em um antigo estande de tiro em uma localidade remota, o endereço final não constava no mapa.
O representante da JSB no Brasil, já nos havia alertado e dado dicas de como chegar, assim com um pouco de pesquisa prévia no Google maps/street view pelo nosso colega Flávio Vieira, conseguimos encontrar a referência para a Fábrica.

Figura 2 - Placa com indicação do trajeto

Figura 3 - Chegada à JSB


Um pouco mais adiante chegamos à terra natal dos melhores projéteis do mundo. A fábrica foi fundada em 1991, pelo atirador e técnico Josef Schulz com o nome de JSB MATCH DIABOLO BOHUMÍN. Em 2008, já um pouco cansado e pensando na aposentadoria, o Sr. Josef considerava a venda da JSB. Com a ameaça de aquisição por um grande grupo (RUAG), o funcionário Pavel Kolebač  juntamente com o sogro fizeram uma proposta de aquisição ao Sr. Josef e o negócio acabou se concretizando. Desta maneira o modelo de negócio e filosofia de fabricação continuou existindo (para nossa sorte) e o Sr. Josef continua ligado ao negócio como um conselheiro técnico. O grupo RUAG é o controlador da fábrica Haendler & Natermann GmbH que produz os renomados chumbos H&N. Pela nossa conversa com o Mr. Pavel, havia uma clara intenção da RUAG em fechar a JSB.
Em 2008 a JSB contava com apenas duas prensas e um tempo de espera para pedidos de seis meses. Hoje existem 10 prensas e no máximo 60 dias de espera.
Logo na nossa chegada fomos recebidos pelo Mr. Pavel Kolebač e fomos conduzidos à sala de reunião.

Figura 4 - Equipe brasileira conversando com o CEO da JSB

Nesta reunião vários questionamentos da equipe foram feitos ao Mr. Pavel e respondidos de maneira clara e aberta.
Uma grande afirmação foi desmistificada: com exceção do AA FT de 8,4 grains que possui um formato específico da AA, todos os outros modelos da JSB são iguais. Ou seja, o cometa ou o JSB da lata vermelha são produzidos igualmente.
Após a conversa, iniciamos a visita pela fábrica - fotos do processo de fabricação foram proibidas. Usa-se chumbo puro com 0,5% de antimônio, que são derretidos e formam grandes lingotes. Posteriormente por processo de extrusão, produzem um fio de chumbo, homogêneo e sem bolhas. Deste fio são produzidas pequenas esferas de chumbo. Neste processo a massa das esferas é crítica, e para melhor consistência, sistemas de aferição e controle de temperatura são usados, evitando que a dilatação térmica da máquina afete a massa de cada esfera.

Figura 5 - Tira na qual o fio é transformada no processo de produzir as esferas, as esferas e um chumbinho recém nascido





Figura 6 -  Entrada do setor produtivo


Figura 7 - Equipamento para produzir a liga de chumbo e antimônio


Depois que as esferas foram produzidas elas são colocadas nas prensas que produzem chumbo à taxa média de um chumbo a cada 3 segundos. Com 46 prensas são produzidos, diariamente, 1.150.000 chumbos.
Os chumbos são lubrificados durante o processo de produção e não necessitam ser lubrificados antes do uso. Após esta etapa, os chumbos vão para o processo de seleção.

Figura 8 - Setor de seleção

Depois de selecionar manualmente e remover os chumbos defeituosos, eles são embalados e preparados para envio aos clientes.




Figura 9 -  Setor de embalagem de despacho


Figura 10 - Rótulos usados pela JSB

Figura 11 - Pedro Ashidani e Pavel Kolebac

Para garantia de qualidade, existem estandes de testes, um de 10m e outro de 45m.
Figura 12 -  Estande de testes de 10m



Figura 13 -  Túnel de 45m



Figura 14 -  Setor de testes de 45m

Alguns brindes foram gentilmente cedidos pelo Sr. Pavel para a equipe brasileira.


Figura 15 - Brindes da JSB


Figura 16 - Momento agradável em Bohumín


Depois da visita, Mr. Pavel nos convidou para almoçar em um típico restaurante local onde pudemos continuar a agradável conversa. Após o “jantoço” (janta+almoço) iniciamos nossa longa jornada cruzando a República Tcheca para mais 470Km. Foram quase 1.000 km percorridos em um dia, porém todo o esforço valeu! Uma visita que coopera a construção do tripé que alicerça um atirador: Arma, munição e técnica! Agora que venha a competição onde poderemos agregar muito conhecimento técnico, no intercâmbio com as maiores feras do circuito mundial!

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Um dia na Fazenda



Pessoal, desculpem-me o atraso, mas ontem chegamos muito tarde e cansados da nossa visita ao norte da Áustria.  Acordamos cedo para alugar um carro. E nos dirigimos à cidade Ernsthofen para nosso passeio ao “campo”. Distância a ser vencida de apenas 240 Km, e imaginamos que em 2:30 horas chegaríamos ao nosso destino. Nosso colega Igor, o navegador da delegação, configurou o GPS e o motorista Flávio colocou nossa “carroça” em ação.
Eu no meu canto aguardava o momento que chegaríamos a uma autoestrada e a viagem começasse a progredir, porém as estradas estavam se tornando cada vez menores, mais estreitas e desertas. A delegação brazuca começou a questionar a qualidade do mapa usado no GPS... “É da Garmin!” bradou nosso navegador. E as estradas estavam tornando-se cada vez mais desertas e estreitas...
Estrada para carroças

Prosseguimos confiando no navegador, e o que imaginávamos ser um passeio de 2:30Hs acabou transformando-se em 4:10Hs pois as estradas tinham uma média horário muito baixa. Conforme nos aproximávamos do final do percurso indicado pelo GPS, novamente a desconfiança no dispositivo voltava à tona. Uma fazenda, milharal para todos os lados até onde a vista alcançava, estava nos confundindo. Por sorte, encontramos uma senhora que gentilmente nos levou ao destino final, a algumas poucas centenas de metros.
Quase lá...



De repente, no meio do milharal surge...
Fachada de uma das fábricas de armas com maior tecnologia do mundo. Reparem o milharal ao fundo(esquerda).

Steyr!!!!!


Chegamos em cima da hora marcada, e ficamos sem almoço. Britânicamente Mr. Huber nos aguardava às 12:30Hs (na verdade chegamos 12:29Hs).
Mr. Huber é o chefe do serviço técnico, e teve a gentileza de reservar uma tarde inteira para atender a equipe brasileira.


Igor conversando com Mr. Huber durante o serviço nas armas dos atiradores brasileiros


Fomos recebidos com gentilezas e cordialidades e logo Mr. Huber começou a aula sobre o funcionamento da carabina LG 110 FT. Vários itens foram verificados e simultaneamente um caminhão de perguntas era feitas e respondidas pacientemente pelo Mr. Huber.



Reparem o milharal ao lado da Steyr

Olhos atentos a todos os detalhes: ajuste de gatilho, lubrificação das peças, ajuste do cano, ajuste de potência, substituição de orings, e principalmente o funcionamento do regulador de pressão, peça extremamente importante na precisão da arma.
 
Pedro e Igor observando e aprendendo os segredos da LG110


Algumas informações sigilosas (for yours eyes only) foram reveladas a respeito do regulador de pressão, o que nos permitiu o completo entendimento do funcionamento deste dispositivo. A manutenção destas peças agora é possível, graças à generosidade do nosso anfitrião. Estas informações não são normalmente reveladas, mas a ausência de uma assistência técnica no Brasil obriga-nos a fazermos a manutenção preventiva e corretiva nas crianças.



Uma excelente aula sobre o funcionamento dos reguladores.


Após a manutenção fomos para o túnel de teste, verificar o desempenho da arma. O túnel tem 50 m de comprimento, com uma morsa modificada para fixar a arma. Também um cronógrafo de excelente qualidade faz parte da área de teste.

Mr. Huber preparando o teste da Steyr LG 110 FT

Túnel de 50 m para testes



Após alguns ensaios com diferentes munições o JSB Heavy de um lote antigo mostrou-se o melhor e o grupo produzido foi este:
Grupo a 25 m JSB Heavy Steyr LG 110 FT – 10 tiros
Flávio observa Mr. Huber trabalhando uma das armas


A seguir a arma do Flávio foi para bancada. Como a primeira arma, foi recheada com aulas e explicações, deixamos o Mr. Huber trabalhar sossegado e fomos conhecer o resto da fábrica. Quem nos ciceroneou foi o Eng. Karl Egger, Gerente Geral e Chefe de Projetos. Fizemos uma visita pela fábrica onde não foi permitido tirar fotografias.




Estande de testes para armas 10 m e seleção de peças das pistolas


A maior parte das peças são terceirizadas, com canos feitos atualmente pela Lothar Walther, mas já produzidos anteriormente pela Anschutz. Vários fornecedores são escolhidos a dedo e somente algumas peças são feitas no local devido a requisitos especiais. Existe um setor dedicado ao controle de qualidade das peças recebidas dos fornecedores.



Estande 10 m

Estande 10 m
O Team Brazil e o Eng. Karl


Cada membro da equipe foi agraciado com um kit de brindes da Steyr.

Brindes
Brindes


Eng. Karl, questionou nossa equipe a respeito dos requisitos da modalidade Benchrest e informou que irá assistir parte da competição para levantamento de dados.
Todos aproveitaram para comprar peças de reposição e munição de lotes que funcionaram bem nos testes com a sempre atenciosa Manuela.
Despedimo-nos e enfrentamos mais 4 horas de viagem até Plzen. Muito cansados, mas realizados, por uma experiência fantástica para um atirador de ar comprimido. PROCHÁSKA!!!